Conheça a história da Méliuz: a empresa mineira que revolucionou o conceito de cashback no Brasil

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Melius significa “melhor” em latim — ou “mió”, em bom mineirês. A empresa mineira Méliuz, fundada em 2011, surgiu com o intuito de melhorar — ou desburocratizar — os programas de fidelidade e de recompensas, em que se troca pontos acumulados no cartão de crédito por produtos.

Os fundadores, Israel Salmen e Ofli Guimarães, não achavam essas trocas, em geral, muito vantajosas, e resolveram propor algo diferente: trocar pontos por dinheiro. A ideia parecia boa demais para ser verdade — ainda mais considerando a fama que o mineiro tem de ser desconfiado — e de fato essa foi uma das principais barreiras enfrentadas por Israel e Ofli no começo do negócio: a da confiança.

Mesmo assim, eles acreditaram e não mediram esforços para transformar o Méliuz no sucesso que se tornou hoje — porque mineiro também é ponta firme, sô! Recentemente, o Méliuz estreou na bolsa de valores. Mas até que isso pudesse acontecer, houve um caminho cheio de altos e baixos.

Conheça agora a história do Méliuz e a trajetória empreendedora de seus fundadores, que pode servir de inspiração pra muita gente, uai!

O espírito empreendedor de Israel Salmen e Ofli Guimarães

Israel Salmen, um dos fundadores do Méliuz, nasceu em Governador Valadares. De família evangélica, frequentou muitos eventos religiosos. Na pré-adolescência, surgiu o interesse por tecnologia e ele começou a criar sites. 

Naquela época, surgiram os sites que fotografavam as pessoas em baladas, festas e shows, e depois postavam essas fotos para que essas pessoas pudessem pegar no site e postar no “flogão” — quem lembra dessa época? Ainda não existiam as redes sociais, nem os smartphones — apenas as câmeras digitais, que ainda não eram lá muito populares e acessíveis. 

Assim, Israel teve a ideia de criar um site para fotografar e disponibilizar as fotos dos eventos gospel que ele frequentava. Disso surgiu seu primeiro negócio, quando ele tinha entre 14 e 15 anos de idade: o Galeria Gospel, que não ficou limitado à sua cidade natal. 

Em menos de um ano, já estava presente também em Belo Horizonte – MG , João Pessoa – PB e Guarapari – ES. Ele ganhava dinheiro com anúncios de pequenos negócios nesse site. Depois, Israel começou a trabalhar como web designer, criando sites para músicos e comerciantes da região.

Mudou-se para Belo Horizonte e, cursando Economia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), conheceu Ofli, seu futuro sócio, que também já tinha iniciado 8 tipos de negócio diferentes entre os 17 e os 25 anos, como marca de camisetas e aluguel de maquinário para construções.

O primeiro negócio que eles tiveram juntos foi uma gestora de investimentos. Mas os dois não estavam muito satisfeitos, porque tinham a sensação de que, nas transações realizadas por meio dessa empresa, sempre tinha alguém que saía perdendo ou não ficava muito satisfeito.

Para eles, um dos maiores trunfos do Méliuz é ser um negócio “ganha-ganha-ganha” (ganham os clientes, os parceiros e a empresa). Mas como exatamente funciona isso? Veja no tópico a seguir!

Como funciona o Méliuz e como tudo começou

O Méliuz anuncia produtos e descontos das lojas parceiras. Se o cliente compra em uma dessas lojas usando o link ou um cupom do Méliuz, disponibilizados em seu site (ou fazendo a ativação do desconto através de uma extensão instalada no navegador), a loja em questão repassa uma comissão ao Méliuz que, por sua vez, divide essa comissão com o cliente, devolvendo a ele uma porcentagem dessa compra, que pode ser resgatada em dinheiro na sua conta bancária.

E por que esses parceiros pagam essa comissão ao Méliuz? Geralmente, trata-se de uma verba que já seria destinada a outras formas de marketing e divulgação. Tendo o cliente essa possibilidade de receber um desconto a mais ou parte de seu dinheiro de volta, a taxa e o volume de conversão tendem a ser maiores. Por isso, todos saem ganhando. 

Atualmente, já conta com mais de 14 milhões de usuários cadastrados e passa de 1500 e-commerces parceiros de diversos segmentos, mais algumas lojas físicas, como o Supermercado Verdemar, famoso em BH. Já foram devolvidos mais de R$100 milhões em recompensas para os clientes da plataforma. É trem padaná!

Outra sacada da empresa foi substituir o termo cashback por “dinheiro de volta”, em bom português, para que ficasse bem claro ao público brasileiro do que se trata. Quando tiveram a ideia, aliás, os fundadores achavam que seriam pioneiros, mas descobriram que aquilo já existia há mais de 10 anos em outros países. 

E aí sabe o que Israel fez? Mandou mensagem no LinkedIn para os responsáveis pelos principais sites de cashback do Reino Unido e Estados Unidos, contando que estava implementando o mesmo tipo de negócio no Brasil e que seria uma honra aprender com os melhores um dia.

Ambos responderam na mesma semana. A empresa do Reino Unido enviou uma passagem e bancou duas semanas de hospedagem para que Israel fosse, de fato, aprender com eles. O dos Estados Unidos o convidou para uma reunião presencial por lá também. Mas houve um grande contratempo. Como já contamos, Israel é de Governador Valadares, cidade que tem fama de enviar um grande número de imigrantes para os Estados Unidos. Não deu outra: o visto foi negado.

Como ele não queria de jeito nenhum perder a tal reunião, na semana seguinte foi tentar tirar o visto novamente em outro consulado — primeiro foi no Rio e depois em Brasília. O agente consular questionou sobre o que o levou a crer que eles mudariam de ideia tão rápido e lhe concederiam o visto apenas uma semana após ter sido negado. Israel, então, explicou a situação e implorou por um visto de “um dia que fosse”, apenas para não perder aquela grande oportunidade.

O agente, por sua vez, perguntou se ele conseguiria uma carta-convite assinada e carimbada pela empresa que estava o convidando para a reunião, e reteve seu passaporte até que essa carta fosse enviada ao consulado por e-mail, e o visto de Israel fosse, finalmente, liberado. Mineiro num brinca em serviço mesmo não, hein, moço? Dá nó até em pingo d’água, cê besta! 

Os momentos de perrengue e o ponto de virada do Méliuz

Israel conta que, no começo, o negócio não se pagava. Foram 2 anos “gastando dinheiro de investidor”, até que a conta começasse a fechar. Ele acredita que o fato de terem conseguido investimento precocemente acabou atrapalhando mais do que ajudando, pois, com isso, eles acabaram não focando nas coisas certas.

O negócio estava prestes a quebrar quando teve seu ponto de virada. Por meio da comunidade San Pedro Valley — o Vale do Silício mineiro, que reúne startups de BH —, eles ficaram sabendo do Startup Chile, um programa de aceleração oferecido pelo governo chileno. Foram selecionados, receberam um funding de 80k e, com isso, um tempinho para respirar e aprender. 

Israel e Ofli passaram 6 meses em Santiago trabalhando em um coworking com mais 100 empresas do mundo todo. Pro cê ter uma ideia, o Méliuz saltou de 700k em vendas, em 2012, para 30 milhões, em 2013. Doidimai, né? Foi aí que o negócio começou a demonstrar seu verdadeiro potencial! Em 2016, o Méliuz recebeu o prêmios de Startup do Ano e Melhor Equipe Fundadora no Startup Awards.

Um dos trem mais massa que podemos tomar como lição da trajetória do Méliuz é o valor da troca de ideias e da colaboração. Uma dose de cara de pau também faz bem, principalmente pro cê que empreende ou quer empreender. Se num fosse a iniciativa de Israel de mandar mensagem na cara dura pros caras lá das empresas dos EUA (junto com a insistência pra conseguir o visto) e do Reino Unido, e também a experiência que eles tiveram no Chile, talvez o Méliuz não tivesse sobrevivido nem virado o sucesso que virou, némêz?

Israel diz que a maioria dos concorrentes que começaram na mesma época que eles não sobreviveram, aliás. Então, esses podem ter sido mesmo os diferenciais do Méliuz, além da paixão dos fundadores e funcionários pelo que fazem. Israel e Ofli afirmam que não fazem o que fazem apenas para ganhar dinheiro — existe um propósito maior por trás de tudo isso, que é gerar valor, princípio que eles buscam identificar para contratar seus funcionários, e alguns viram até sócios do Méliuz.

A empresa tem planos de expandir ainda mais na área financeira. Ela já criou seu próprio cartão (em parceria com o Banco Pan e Mastercard), que oferece benefícios e recompensas ainda maiores aos seus usuários, foi a primeira startup de tecnologia a abrir capital na B3, e já organizou também um marketplace financeiro, que oferece empréstimo pessoal, crédito consignado, seguro e iniciativas de investimento por meio de parceiros. 

A sede do Méliuz fica em BH e eles já têm escritórios também em São Paulo- SP e Manaus – AM. É de Minas pro Mundo, uai! Conheça agora a história dos criadores da Wäls e da K-Happy!

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