Estrada de ferro Vitória Minas: saiba mais sobre sua história e sua importância atual

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Aqui em Minas, tudo é trem: “Pega esse trem aí pra mim!”; “Conseguiu resolver aquele trem lá?”; “Junta seus trem e vambora!”; “Nuh, que trem gostoso!”; Ô, trem mai bão, sô!”; “Ela é um trenzim, viu?”; “Esse trem tá coisado, num tá?”… E por aí vai!

Não se sabe ao certo a origem disso, essa mania de chamar qualquer coisa/objeto (e até pessoa) de “trem”, mas fato é que o trem de ferro, no sentido literal, teve uma grande relevância no contexto do desenvolvimento socioeconômico do estado, além de ter sido revestido de um valor afetivo em função dessa relação que é, também, de caráter histórico-cultural. 

Algumas poucas linhas de trem em MG ainda estão ativas nos dias de hoje. Quer saber quais são as cidades de Minas Gerais em que o trem passa e conhecer um pouco mais dessa história? Leia o post até o final!   

Minas Gerais e a relação antiga com o trem de ferro

Há um ditado que diz que “mineiro não perde o trem…”. As estradas de ferro em Minas Gerais — que tiveram seu auge em meados das décadas de 50 e 60 —, além do transporte de passageiros, foram responsáveis pelo escoamento de boa parte da produção agropecuária do estado naquela época, além do minério de ferro e de matérias-primas e produtos da indústria.

Muitas cidades se formaram em torno dos trilhos do trem, que também contribuiu para o desenvolvimento de tantas outras, ligadas pela rede ferroviária mineira. Com o passar os anos e a mudança do foco dos investimentos na rede ferroviária para a rede rodoviária, o trem foi perdendo força e espaço para a rodovias, embora continue bastante presente no imaginário ligado à cultura mineira.

A ONGTrem faz questionamentos importantes acerca da privatização da malha ferroviária e busca pautar novas alternativas para os dias atuais, defendendo que as ferrovias ainda poderiam ser mais bem aproveitadas para o transporte de cargas e de passageiros.

Em 2018, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) criou Comissão Pró-Ferrovias, para acompanhar de perto essa questão do transporte ferroviário mineiro e discutir formas de melhorá-lo. Em 2019, foi sancionada uma lei no Diário Oficial para dificultar a eliminação de novos trechos da malha ferroviária mineira, ainda que estejam inativos, buscando meios de proteger esse patrimônio e valorizar o aspecto cultural das ferrovias.

A história da estrada de ferro Vitória-Minas

A Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM) começou a ser construída em 1904. Inicialmente, o intuito era ligar a capital capixaba a Diamantina – MG, com o objetivo de escoar a produção cafeeira do Vale do Rio Doce e do Espírito Santo. Contudo, o projeto foi alterado a partir da descoberta uma jazida de minério em Itabira – MG.

Ao longo do caminho que o trem percorria, foram surgindo pequenos vilarejos — alguns, mais tarde, se tornaram cidades importantes, como Colatina – ES, Governador Valadares – MG e Coronel Fabriciano – MG, no Vale do Aço. O crescimento industrial daquela região só foi possível graças à estrada de ferro, que escoava a maior parte da produção.

Além do minério, pela ferrovia Minas-Espírito Santo é realizado o transporte de aço, carvão, calcário, granito, contêineres, ferro-gusa, produtos agrícolas, madeira, celulose, combustíveis e cargas diversas, de Minas Gerais até o Complexo Portuário de Tubarão, ao Terminal de Vila Velha, ao Cais de Paul, Codesa e ao Porto de Barra do Riacho, em Aracruz – ES. 

Em 1997, a empresa Vale S.A (antiga Vale do Rio Doce) obteve a concessão da ferrovia Minas-Vitória, passando a explorar, a partir de então, os serviços de transporte de cargas e de passageiros.

É possível viajar por ela: saiba em quais cidades a EFVM passa

Atualmente, esse é o único trem que transporta passageiros no Brasil de forma diária e em longa distância. O trajeto entre Belo Horizonte – MG e Cariacica – ES, na região metropolitana da Grande Vitória (que também é feito no sentido contrário), totaliza 664 km, em um viagem que dura em torno de 13 horas.

O trem passa por 42 cidades e faz 30 paradas. Veja qual é a rota de Belo Horizonte a Vitória:

Belo Horizonte , Belo Horizonte – Barão de Cocais , Dois Irmãos

Partida 07:30:00 | Chegada 09:00:00

Barão de Cocais , Dois Irmãos – Rio Piracicaba , Rio Piracicaba

Partida 09:03:00 | Chegada 10:00:00

Rio Piracicaba , Rio Piracicaba – João Monlevade , João Monlevade

Partida 10:02:00 | Chegada 10:16:00

João Monlevade , João Monlevade – Nova Era , Desembargador Drumond

Partida 10:19:00 | Chegada 10:45:00

Nova Era , Desembargador Drumond – Antônio Dias , Antônio Dias

Partida 10:48:00 | Chegada 11:15:00

Antônio Dias , Antônio Dias – Timóteo Mário , Carvalho

Partida 11:16:00 | Chegada 11:49:00

Timóteo Mário , Carvalho – Ipatinga , Intendente Câmara

Partida 11:52:00 | Chegada 12:07:00

Ipatinga , Intendente Câmara – Ipaba , Ipaba

Partida 12:12:00 | Chegada 12:32:00

Ipaba , Ipaba – Belo Oriente , Frederico Sellow

Partida 12:33:00 | Chegada 12:48:00

Belo Oriente , Frederico Sellow – Periquito , Periquito

Partida 12:49:00 | Chegada 13:14:00

Periquito , Periquito – Açucena , Pedra Corrida

Partida 13:15:00 | Chegada 13:28:00

Açucena , Pedra Corrida – Governador da Valadares , Governador Valadares

Partida 13:29:00 | Chegada 14:12:00

Governador da Valadares , Governador Valadares – Tumiritinga , Tumiritinga

Partida 14:20:00 | Chegada 15:04:00

Tumiritinga , Tumiritinga – Galiléia , São Tomé do Rio Doce

Partida 15:07:00 | Chegada 15:20:00

Galiléia , São Tomé do Rio Doce – Conselheiro Pena , Barra do Cuieté

Partida 15:21:00 | Chegada 15:29:00

Conselheiro Pena , Barra do Cuieté – Conselheiro Pena , Conselheiro Pena

Partida 15:30:00 | Chegada 15:44:00

Conselheiro Pena , Conselheiro Pena – Resplendor , Crenaque

Partida 15:47:00 | Chegada 16:04:00

Resplendor , Crenaque – Resplendor , Resplendor

Partida 16:05:00 | Chegada 16:21:00

Resplendor , Resplendor – Aimorés , Aimorés

Partida 16:24:00 | Chegada 17:00:00

Aimorés , Aimorés – Baixo Guandu , Baixo Guandu

Partida 17:04:00 | Chegada 17:10:00

Baixo Guandu , Baixo Guandu – Baixo Guandu , Mascarenhas

Partida 17:14:00 | Chegada 17:26:00

Baixo Guandu , Mascarenhas – Colatina , Itapina

Partida 17:27:00 | Chegada 17:39:00

Colatina , Itapina – Colatina , Colatina

Partida 17:40:00 | Chegada 18:00:00

Colatina , Colatina – João Neiva , Piraqueaçu

Partida 18:04:00 | Chegada 18:58:00

João Neiva , Piraqueaçu – Ibiraçu , Aricanga

Partida 18:59:00 | Chegada 19:08:00

Ibiraçu , Aricanga – Fundão , Fundão

Partida 19:09:00 | Chegada 19:24:00

Fundão , Fundão – Cariacica , Flexal

Partida 19:26:00 | Chegada 20:11:00

Cariacica , Flexal – Cariacica , Pedro Nolasco

Margeando os rios Doce e Piracicaba, em Minas, até chegar ao litoral capixaba (ou vice-versa), a viagem de trem Minas-Vitória é acompanhada de belas paisagens pelo caminho, repletas de montanhas e alternando entre Mata Atlântica e Cerrado. 

Em 2014, a frota se modernizou, com novos vagões vindos da Romênia, inclusive melhorando a questão da acessibilidade, com a chegada de vagões próprios para cadeirantes, além de serem todos equipados com ar-condicionado e sensores automáticos. Também há vagão-restaurante/lanchonete, serviço de bordo tanto na classe econômica quanto na executiva, tomadas de energia e wi-fi. 

Por ano, a EFVM transporta cerca de 1 milhão de passageiros e de 120 milhões de toneladas de carga — o que representa 40% de toda a carga ferroviária do país —, sendo considerada uma das mais produtivas do Brasil e uma das mais modernas do mundo.

Existe, ainda, uma linha adicional entre Itabira e Nova Era, que tem conexão com a linha principal.

É possível comprar passagem de trem Vitória-Minas pelo site, nas estações e em outros pontos de venda autorizados.

A Vale opera também uma linha turística entre Ouro Preto e Mariana, conhecida como “Trem da Vale”. Além da paisagem deslumbrante, o passeio, realizado aos fins de semana, é praticamente uma viagem no tempo, feita em vagões com estética bem próxima à dos antigos trens que circulavam nos anos dourados da ferrovia — quando também eram chamados de “maria-fumaça”, por conta da fuligem que saía e marcava o rastro da passagem do trem.

OBS: Todas as viagens foram suspensas por período indeterminado em função da pandemia do COVID-19.

Sem dúvidas, o trem é um símbolo da mineiridade, retratado em muitas obras de poetas e escritores mineiros. Por longos anos, ele foi o principal meio de transporte da gente e das riquezas de Minas.

Embora ainda ativas em alguns trechos, conforme vimos neste post, as linhas de trem em MG, hoje, são bastante reduzidas em comparação à extensão que já ocuparam no passado, a outros países (no Brasil, ainda é uma das maiores malhas ferroviárias) e às rodovias, que acabaram tomando esse espaço das ferrovias e se consolidando como o principal meio de transporte no país. 

Como vimos também, há algumas iniciativas ressurgindo nos últimos anos na tentativa de resgatar as memórias e também o potencial produtivo das estradas de ferro em Minas Gerais. E como bons mineiros, desejamos vida longa ao trem… Afinal, como dizem por aí, mineiro tem um trem no coração!

E como a tendência para o período pós-pandemia será viajar de carro para lugares mais próximos, aproveitando para explorar os arredores de onde você vive, já vai se preparando com essas dicas de destinos próximos à Belo Horizonte!

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